domingo, 28 de janeiro de 2018

Barcelos - PT



Atravessando a antiga ponte sobre o Rio Cávado, entramos numa das localidades mais emblemáticas da arte popular minhota, Barcelos.

É uma cidade antiga, situada num local com vestígios arqueológicos desde a Pré-História, mas foi no séc. XII que sua história começou, primeiro quando D. Afonso Henriques lhe concedeu foral e a tornou vila e depois quando D. Dinis, em 1298, quis compensar o seu mordomo-mor João Afonso e o tornou conde, doando-lhe a povoação em título.

Em 1385, o Condestável Nuno Álvares Pereira tornou-se o 7º Conde de Barcelos. Entregaria a vila como dote no casamento da filha D. Beatriz com D. Afonso, bastardo do rei D. João I. Começou então uma época de grande desenvolvimento e dinâmica para Barcelos, revelado com a construção da ponte, a muralha (de que resta a Torre da Porta Nova), do Paço dos Duques e da Igreja Matriz. São estes monumentos que constituem hoje o centro histórico da cidade que mantém um agradável ambiente medieval pontuado por solares e casas históricas como o Solar dos Pinheiros ou a Casa do Condestável.

Um passeio a Barcelos não pode dispensar o antigo Largo da Feira, hoje Campo da República, onde se encontram as setecentistas Igrejas do Bom Jesus da Cruz, e da Nossa Senhora do Terço e onde se realiza a maior feira de artesanato do país, todas as quintas-feiras. Se perder a feira semanal, visite o Museu da Olaria e o Centro de Artesanato de Barcelos, onde tem uma boa perspectiva sobre a expressão artística minhota. De todas as peças aqui produzidas, o colorido Galo de Barcelos é o mais representativo, não esquecendo as bandas de música e as figuras retratando hábitos e costumes da região. 
Igreja do Bom Jesus da Cruz

 
A Torre Medieval está localizada no centro da cidade de Barcelos e fez parte de um conjunto composto pela antiga Muralha da cidade. Deste conjunto apenas nos resta esta torre, a antiga muralha foi, infelizmente, demolida ao longo dos séculos, graças à evolução da malha urbana.

Não se sabe ao certo a data da sua construção, mas deverá ter sido, talvez, pelo século XV. Foi torre de vigia e posteriormente cadeia, função que ocupou entre o século XVII e meado do século XX.
A Torre Medieval encontra-se em muito bom estado de conservação e está hoje ocupada pelo Centro de Interpretação da Cidade e do Galo. 


Sem necessidade de marcação, é possível visitar a loja de artesanato que existe logo à entrada.
A Torre está aberta ao publico de segunda a sexta das 10h às 18h.
Aos sábados,domingos e feriados, das: 10h às 13h e das 14:30h às 17:30h.
Encerra nos dias 24 e 25 de Dezembro. 1 de Janeiro. Sexta-feira santa e dia de Páscoa.
Torre Medieval







Sobre a lenda do Galo de Barcelos, contaremos no próximo post!

 

Prefeitura de Barcelos
O edifício da Câmara Municipal de Barcelos (Câmara Municipal) está localizado no Largo do Município, em frente à Igreja Matriz e o Monumento a Antônio Barroso. É um edifício bonito e imponente de dois andares. Sua fachada principal é constituída por uma galeria de arcadas no piso térreo e janelas multi-painéis na parte superior. Fique altura e escalar as torres, onde escudos individuais e relógios da cidade, que são cobertos com pináculos forja estão localizados. Na verdade, o prédio que vemos hoje é o resultado da união de vários realizada no ano de 1849: O antigo Hospital do Espírito Santo sobre a Capela de Santa Maria do século XVI, a torre e a Casa da Câmara XV, a ex-XVII Misericórdia e o Palácio Conselho XIX.

Dentro do prédio, além de serem os escritórios municipais, várias exposições temporárias, a entrada é gratuita.


Museu Arqueológico
O Museu Arqueológico de Barcelos é um museu ao ar livre, localizado no interior do Palácio dos Condes de Barcelos. É um museu histórico, que apresenta igrejas e conventos faltando elementos arquitetônicos, heráldicas pedras antigas casas nobres, sarcófagos medievais, etc. A peça mais importante é o cruzeiro do senhor do galo, do século XIV. Objetos são organizados no chão (difícil de acreditar, mas é assim), então acho que em poucos anos lá é nada para se fazer um briefing sobre a história da cidade.
A visita é gratuita, e o recinto está aberto diariamente no verão das 9 às 19h e no inverno

9-17.30 h.





Cruzeiro do Senhor do Galo

 O Cruzeiro do Senhor do Gallo é a mais importante peça em exposição no Museu Arqueológico de Barcelos. É um cruzeiro românico do século XIV que inicialmente estava em Barcelinhos (um dos distritos de Barcelos, localizado do outro lado do rio). É feita de pedra e está totalmente gravada com baixos-relevos que contam a lenda do Galo de Barcelos, o símbolo da cidade. Se encontra no recinto do Palácio dos Condes de Barcelos.










Pelourinho de Barcelos

Teatro Gil Vicente

Restaurante Porta Nova
Jardim Barroco
Monumento ao Bombeiro Voluntário




domingo, 21 de janeiro de 2018

Santuário do Sameiro - Braga / PT




O monumental Santuário do Sameiro, de estilo neoclássico, teve origem quando, em 1863, o padre Martinho da Silva teve a iniciativa de “lançar” a primeira pedra no cimo do monte para a construção de um pedestal para colocar uma estátua de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, por quem tinha grande devoção.

Contudo, à medida que a afluência de peregrinos ia aumentando, tornou-se necessária a construção de algo mais expressivo do que o pedestal existente. Assim, em 1870, ergueu-se uma capela no local com 30 metros de comprimento e 18 de largura. Porém, rapidamente essa capela se revelou desajustada para a grande quantidade de pessoas que a visitavam e, por essa razão, em 1890, iniciou-se a construção da atual Basílica.

As obras demoraram vários anos e só terminaram em 1953. Não obstante, nos anos 70, houve a necessidade de aumentar o espaço, construindo-se uma Cripta no subsolo.

 
No Inverno é aqui que registam as temperaturas mais baixas da cidade e o local onde os mas curiosos vem sempre que há previsão de neve na cidade.








Em frente à Cripta, estende-se um imponente escadório, com 265 degraus, que termina na estrada que nos conduz ao Bom Jesus e fornece uma das melhores vistas sobre a cidade. 

Com 572 metros, o monte do Sameiro é o ponto mais alto da cidade. O panorama é deslumbrante, especialmente em horas de pôr do sol. A sua vista permite o vislumbre das Serras do Gerês, da Cabreira, da Penha e da Franqueira. Em dias com maior visibilidade é possível até ver o mar, desde Leixões à foz do Lima.











SAMEIRO
Av. Nossa Sra. do Sameiro 44
4715-616 Espinho, Braga

Site: https://santuariodosameiro.pt/
Santuário
Inverno: Segunda a sábado 07H30-17H30 / Domingos 06H30-17H30
Verão: Segunda a sábado 07H30-19H00 / Domingos 06H30-19H00
Serviços da Confraria
Segunda a sexta 09H30-12H30 / 14H30-18H30
Sábados e domingos 09H30-12H30 / 14H30-17H30

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

A lenda de São Longuinho de Braga



A Estátua de São Longuinho localiza-se no Santuário do Bom Jesus do Monte, datada do ano de 1819. Na freguesia de Tenões, na cidade e concelho de Braga, distrito de mesmo nome, em Portugal.

Segundo a crença, São Longuinho foi um dos soldados presentes na crucificação de Jesus Cristo, que depois se converteu. Na tradição popular, o santo é venerado por auxiliar na busca por objetos perdidos. 

Para a cidade de Braga, a estória “que nos traz cá hoje” é outra. A Lenda de São Longuinho de Braga:

Há uma curiosa tradição em Braga, pela festa de São João, envolvendo a estátua de São Longuinho e o Santuário do Bom Jesus do Monte. Nesta época, algumas raparigas namoradeiras andam à volta da estátua de granito, proferindo orações, com objetivo de apressar o seu casamento.

De acordo com uma antiga lenda local, um lavrador muito rico, de nome Longuinhos vivia nos arredores da cidade, perto do Bom Jesus. Solteiro e recatado, era estimado por todos na comunidade. As raparigas solteiras não lhe eram indiferentes, uma vez que entreviam nele um excelente partido, embora nenhuma o impressionasse particularmente.

Certo dia, Longuinhos apaixonou-se por uma rapariga chamada Rosinha, e entendeu que era o momento de partilhar a sua fortuna. Para esse fim, informou-se quem era o pai dela, e procurou-o. Identificou-se e comunicou-lhe as suas intenções, pedindo a mão dela em casamento. O pai dela, entretanto, mostrou-se um negociador difícil, e apenas cedeu quando Longuinhos lhe prometeu uma pensão.

Pedro, era esse o nome do pai de Rosinha, chamou-a e comunicou-lhe que Longuinhos pedira a mão dela em casamento e que ele, como pai, a dera. A rapariga ficou lívida, pois amava outro rapaz, de nome Artur, e diante do altar do Bom Jesus, havia lhe prometido casamento. O velho pai, com medo de perder o negócio que fizera, armou tal espalhafato que, a filha, apavorada, acabou por dizer-lhe que casava com Longuinhos. Saiu a tremer de ao pé do pai e recolheu-se ao seu quarto, onde, chorosa, começou a orar, apelando a São João. Eis que, de súbito, ouve uma voz dentro de si que lhe dizia que tivesse calma, que tudo se arranjaria.

A voz era a de São João, que dali foi ter com Longuinhos, que também se encontrava em meditação. Dirigindo-se ao lavrador, São João argumentou que, se Longuinhos era tão seu amigo, não seria capaz de estragar a felicidade dos dois jovens que tanto se amavam. Reparou ainda a Longuinhos a desastrosa maneira de falar com o pai de Rosinha, tentando-o com dinheiro.

Longuinhos então caiu em si e compreendeu que, se a rapariga amava outro, e era correspondida, ele não tinha o direito de destruir a felicidade de ambos. Assim o disse ao santo, que ficou muito contente, e acrescentou:

"- Se me consentes, São João, eu próprio serei o padrinho desse casamento! Sei que precisam de um bom começo de vida e eu me encarregarei disso. Quanto ao meu amor, cá o entreterei até que se desvaneça!"

O santo correu então a avisar a rapariga, para que preparasse a boda com Artur, pois arranjara-lhe um bom padrinho. O velho Pedro foi quem ficou a perder, mas lá se consolou como pôde.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Bom Jesus do Monte, Braga, Portugal

 

O Santuário do Bom Jesus do Monte, cartão postal da cidade de Braga, é o santuário mais importante do país depois do de Fátima. Fica a cerca de 5 quilómetros do centro da cidade. Tem transporte público até lá, se for de carro tem estacionamento gratuito.

Para uma visita ainda mais entusiasmante, utilize o elevador – movido a água – para chegar à zona da igreja. Para além de ter sido o primeiro funicular construído na Península Ibérica, este elevador que atravessa o monte é agora, no mundo inteiro, o mais antigo em serviço a utilizar este sistema de contrapeso de água, funcionando desde 1882. Se for mais aventureiro, utilize o elevador apenas para subir. Desça pelas escadas e aprecie as fontes e capelas que vão aparecendo pelo caminho. 

 
Basílica


 A Basílica do Bom Jesus do Monte foi desenhada por Carlos Amarante por encomenda do Arcebispo D. Gaspar de Bragança, em substituição da anterior igreja que se encontrava em ruínas. 



 

  “Ver Braga por um canudo” é uma expressão derivada do telescópio do Bom Jesus. A expressão tem como significado “não alcançar o que se deseja” ou “querer algo e não conseguir”.


 
Estátua de São Longuinho
A estátua de São Longuinho possui especial importância porque se encontra localizada num pedestal onde, antes da construção do Largo do Pelicano – ex-Terreiro de Moisés, estava a torre da igreja ancestral do Bom Jesus do Monte. O São Longuinho foi um dos soldados presentes na crucificação de Jesus Cristo e que acabou por se converter, tornando-se mais tarde santo. Existe uma Lenda de São Longuinho de Braga, envolvendo uma história de amor que contaremos em outro post.

A Via-Sacra encontra-se representada em todo o Santuário do Bom Jesus do Monte com 17 capelas repartidas pelos Escadórios, Largo do Pelicano, Adro e Terreiro dos Evangelistas. A construção das capelas deve-se ao Arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles, responsável por várias edificações no santuário. No entanto, apenas duas das capelas fazem parte do leque original. As restantes foram reconstruídas posteriormente.

Os extensos jardins e o lago são lindos. Grutas, trilhas por descobrir, coretos e lagos, fazem deste parque um espaço único de diversão para toda a família.

Abaixo mais algumas fotos em um vídeo:




Curiosidade:   Na estrada do Bom Jesus, os carros sobem sozinhos, sem a ajuda do motor. Chama-se Estrada Mágica e é uma pequena rampa onde muitas vezes os motoristas experimentam a sensação de andar em marcha à ré, enquanto deveriam estar subindo.

Para mais informações sobre toda a história e fotos lindas do Bom Jesus do Monte, visitem o site oficial é muito interessante:  http://bomjesus.pt/

Informações úteis

Estrada do Bom Jesus
4715-261 Tenões, Braga
+351 253 276 636
geral@bomjesus.pt

Verão: 10H00-12H30 / 14H00-18H30
Inverno: 09H30-17H30
Nos Domingos da Quaresma realizam-se procissões da Via Sacra.


terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Um dia em Guimarães - PT



Situada no distrito de Braga, a cidade de Guimarães é um dos mais importantes destinos históricos do país. D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, escolheu esta antiga cidade romana como capital do Reino de Portugal após a sua vitória na Batalha de São Mamede em 1128. Conhecida como “Berço da Nação”, Guimarães é um local fascinante para visitar, com o seu orgulhoso castelo e bem preservado bairro medieval. A cidade foi classificada como Património Mundial pela UNESCO em 2001.



A origem de Guimarães remonta a uma villa, Vimaranes, onde, no século X, a Condessa Mumadona Dias mandou construir o Convento e o Castelo, em volta dos quais se desenvolveu o burgo. D. Afonso Henriques, que viria a ser o primeiro rei de Portugal, filho do Conde D. Henrique e de D. Teresa, nasceu em Guimarães, em 1111. Em 1128, no dia 24 de Junho, em prol da independência do então Condado Portucalense, face ao reino de Leão, enfrenta e vence, com as suas hostes, as forças leais a sua mãe, no Campo de São Mamede, junto ao Castelo. A vitória alcançada por D. Afonso Henriques marca assim o nascimento da Nação Portuguesa, e por isso Guimarães é chamada o Berço da Nacionalidade. Em 1853, a vila é elevada à categoria de cidade e começou a crescer para fora do recinto da muralha.

Paço dos Duques de Bragança

A construção desta residência real foi encomendada por Afonso Henriques, Duque de Bragança, e construída entre 1401 e 1442. Em 1933, o Paço dos Duques sofreu uma grande renovação para passar a servir de residência oficial do ditador António de Oliveira Salazar, sendo ainda hoje usado como residência oficial do Presidente da República.



Paço dos Duques de Bragança


D. Afonso Henriques 1º rei de Portugal 

 A Praça de Santiago é um dos locais mais frequentados pelos habitantes locais, onde existem várias esplanadas e espaços de descontração, como restaurantes, cafés e bares. Nesta praça, existiu uma capela do século XVII que foi demolida no final do século XIX, existindo hoje ainda lajeados de granito que marcam o seu local original.

 
 O glorioso passado da cidade ainda pode ser visto por suas ruelas medievais, praças e, ainda, em seu imponente castelo com mais de 1000 anos de existência. Guimarães é encantadora!  

Passear pelas ruas de Guimarães é uma das melhores formas de conhecer a cidade. O Largo da Oliveira no centro histórico é o local ideal para ver alguns dos monumentos mais emblemáticos da cidade, como a Igreja de Nossa Senhora da Oliveira e os Paços do Concelho (onde reside agora o Museu de Arte Primitiva Moderna). Podemos também ver o belo Padrão do Salado, alpendre Gótico erguido no reinado de D. Afonso IV para comemorar a Batalha do Salado, em 1340. A Rua de Santa Maria é uma das ruas mais antigas da cidade, que faz a ligação entre a zona do Castelo e o Convento de Santa Clara (atual Câmara Municipal de Guimarães).

Colocamos as fotos no vídeo abaixo:




Fomos em Maio de 2017, era feriado e infelizmente o Castelo, o Paço dos Duques, o teleférico e outros lugares estavam fechados no dia. Então, logo voltaremos novamente e atualizaremos o post com mais aventuras.





domingo, 8 de outubro de 2017

Dez conselhos para quem planeia imigrar para Portugal:


Como todos sabem mudamos para Braga - Portugal em Março. Não tivemos tempo de atualizar o Viajando de Cocó devido a correria com toda a mudança, abrimos um café.... Mas, aos poucos vamos voltando!



Aqui em nosso café recebemos quase toda a semana visita ou mensagens de brasileiros que intencionam migrar para Portugal e vem pedir “dicas” a respeito, nos temas os mais diversos. Resolvemos, então, compilar os dez conselhos que entendemos mais importantes, diante do que observamos cá no dia a dia.

1 – Venha legalizado sempre: Eu sei! Você leu em mais de um grupo da internet que se vier como turista consegues emprego e com emprego, depois legaliza-se. Além disso, a tia do primo da mãe da sua vizinha veio ilegal e hoje vive maravilhosamente bem por essas terras. Quem avisa amigo é: Entrar ilegal em um país estrangeiro não é uma boa idéia. Primeiro porque, embora muitos passem pela alfândega sem problemas, o risco de sua aventura acabar antes de começar é muito grande. Não bastasse isso, como ilegal, você terá imensas dificuldades para abrir conta em banco, arrendar imóvel, etc. Empresas sérias costumam pedir comprovativo de que você está legal no país para empregá-lo. Há quem dispense a exigência, mas nesse meio você vai encontrar de tudo, até quem, após um mês de trabalho, se recuse a te pagar o salário e ainda ameace te denunciar ao SEF.

2 – O Brasil não é a última coca-cola do deserto: Tá certo, os Portugueses admiram nosso otimismo, gostam de alguns pratos de nossa culinária e apreciam alguns nomes de nossa música. Mas isso não significa que você chegará em Portugal e ficará rico vendendo a receita de brigadeiros da sua avó. Aliás, por essas bandas, eles nem gostam muito de brigadeiro, que acham muito doce. Pense em um produto, serviço ou prato da culinária brasileira. Pensou? Já existe alguém fazendo isso por aqui. Sorry, mas é a realidade. Outro erro muito comum é acreditar que bastará chegar aqui mostrando sua “brasilidade nagô” que todas as portas se abrirão. Se elas não se fecharão apenas porque você é brasileiro (ver o próximo tópico), também não se abrirão apenas por esse motivo. O brasileiro forma a segunda maior colônia de imigrantes do país, então, acredite, o seu jeito de ser não é novidade.

3 – Não. Não é preconceito: Uma coisa que ouvimos toda hora é brasileiro reclamando de preconceito. Aí você vai perguntar o porquê e descobre que o sujeito se achou discriminado porque foi alugar um imóvel e o senhorio exigiu fiador ou seis meses de renda como caução. Não amiguinho, não se trata de preconceito. Você é brasileiro, mas poderia ser japonês, italiano ou o príncipe das asturias (não, esse talvez não), mas isso não afasta o fato de que você é um recém chegado no país, provavelmente desempregado e sem ninguém que possa dar referências a seu respeito em Portugal. Você arrendaria seu imóvel para alguém nessas condições? Porque aqui seria diferente? Isso não quer dizer que não exista preconceito em parte alguma. O idiota é uma raça universal e ele está presente também em Portugal, mas em níveis infinitamente menores do que você imagina. O que muita gente encara como preconceito, na verdade é apenas a vida real.

4 – Preconceito consigo próprio: Outra coisa muito comum de se ver é brasileiro aceitando de bom grado todo tipo de abuso e desaforo, achando que reclamar disso é coisa de brasileiro. Exemplo disso são repartições públicas que adoram fazer exigências criativas, que não estão previstas em lei alguma, ou vendedores de serviços (tv a cabo, energia elétrica etc) que abusam do fato de você ser estrangeiro para lhe empurrar penduricalhos desnecessários. Se perceber que está sendo tapeado, reclame sem medo de ser “brasileirisse”. Não tenha consigo o preconceito que os portugueses não tem.

5 – Portugal não é Xangri-la: Se você chegar em um lugar cercado de pessoas felizes, todas de branco, cantando a versão em fado de Cumbaiah, sinto lhe informar, mas provavelmente o avião caiu e você está do outro lado da vida e não do outro lado do atlântico. Sim, Portugal tem lá seus problemas, como qualquer outro país do mundo, mas à diferença do Brasil, trabalha com seriedade para superá-los. Embora óbvio, é importante salientar isso, porque já vi brasileiro que, à primeira dificuldade, atraso de um autocarro ou serviço mal prestado, já sai dizendo que aqui é igual ao Brasil.

6 - Você não vai morar no museu: A não ser que você seja padre, não escolha Braga porque visitou o Bom Jesus e achou lindo. Você não vai morar lá. Sugiro que, antes de escolher um sítio para sua morada em Portugal, visite, observe o clima, as pessoas, o comércio, as escolas, hospitais e veja se tem algo a ver com você. Basear seu novo lar apenas por conta de museus e belas paisagens, quando você está em um país diferente, sem família ou amigos por perto pode levar você facilmente à depressão.

7 – Você não é turista: Temos observado muitos brasileiros que chegam e, ao invés de se acentar na nova cidade, dão para visitar tudo quanto o que é lugar, como se não houvesse amanhã. A empolgação pela novidade é um sentimento natural, mas o Castelo de Guimarães está lá há 500 anos e é bem pouco provável que vá sumir nos próximos meses. Melhor utilizar seus recursos para providenciar toda a documentação que precisa, matricular os miúdos na escola, arrendar sua casa e, se for o caso, arrumar um emprego, para depois passear tranquilo, sabendo que está fazendo despesas, mas terá receitas a receber.

8 – Não conte com o ovo na cloaca da galinha: O Termo é um pouco mais chulo... achei cloaca menos feio. Se você tem capital guardado no Brasil e pretende sobreviver disso aqui, talvez seja melhor trazer, se não tudo, o máximo possível de uma vez só, ao invés de ficar trazendo um pouquinho todo mês. Não é novidade para ninguém que o Brasil está vivendo um período de profunda e grave instabilidade política e social, o que acaba refletindo no câmbio. Resultado: Você tem lá todo mês aqueles 8.000 reais que correspondem à 2.000 euros, o que dá para você viver muito bem por aqui. De repente, descobrem que o Temer na verdade é a Dilma vestida de terno e... pá.... o Euro vai a 5.00 reais e você acabou de perder 400 euros do seu orçamento mensal (se calhar, o valor da renda de sua morada). Impossível? Uns meses atrás um tal de Joesley gravou uma conversa esquisita com o Presidente da República e o caso foi parar na imprensa. O câmbio oscilou tanto que o Transferwise suspendeu suas operações no Brasil por uns cinco dias. Aqui foi um “barata voa” de brasileiro desesperado para arrumar dinheiro para pagar as contas.

9 – Não. Você não está abafando: Marca de roupa, de sapato ou de carro não significam muita coisa desse lado do oceano. Ao menos as pessoas que você vai cruzar no dia-a-dia estão pouco ligando se você tem uma Mercedes ou um Opel Corsa, até mesmo porque, com pouco menos de 300 euros por mês, você consegue financiar uma Mercedes. As pessoas costumam comprar este ou aquele carro porque gostam da marca ou porque lhes é útil de alguma forma e não para ser tratado como gente pelo gerente do banco, até mesmo porque, salvo raras exceções, o gerente do banco trata a todos como gente, quer você chegue à sucursal a pé ou de limousine. Roupas seguem a mesma receita: As pessoas, em sua maioria, compram suas roupas com foco em conforto, qualidade e preço, logo, ninguém vai te achar “diferenciado” porque desfila aquela etiqueta da Zhara na jaqueta. Aliás, especificamente em relação às lojas desta marca, embora seja “chique” no Brasil, por aqui é algo comparável à Riachuelo.


10 – Existe desonestidade no mundo inteiro: Lembre-se, você está vindo a Portugal e não ao Jardim do Éden, logo, não pense que todas as pessoas são incorruptíveis e totalmente honestas. Há gente desonesta, como em qualquer lugar do planeta. A diferença é que, como por aqui o Poder Judiciário não é uma piada de mal gosto como no Brasil, se você for vítima de uma burla, conseguir identificar o burlão e provar os fatos, certamente haverá consequências para o picareta. Ainda assim, é importante ficar atento para não cair nas armadilhas mais comuns que os brasileiros que por aqui chegam caem: Arrendar apartamento, só com contrato e após visitar o imóvel. Comprar carro usado, convém analisar bem o modelo e, se tiver dúvidas, consultar um mecânico.