sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

A lenda de São Longuinho de Braga



A Estátua de São Longuinho localiza-se no Santuário do Bom Jesus do Monte, datada do ano de 1819. Na freguesia de Tenões, na cidade e concelho de Braga, distrito de mesmo nome, em Portugal.

Segundo a crença, São Longuinho foi um dos soldados presentes na crucificação de Jesus Cristo, que depois se converteu. Na tradição popular, o santo é venerado por auxiliar na busca por objetos perdidos. 

Para a cidade de Braga, a estória “que nos traz cá hoje” é outra. A Lenda de São Longuinho de Braga:

Há uma curiosa tradição em Braga, pela festa de São João, envolvendo a estátua de São Longuinho e o Santuário do Bom Jesus do Monte. Nesta época, algumas raparigas namoradeiras andam à volta da estátua de granito, proferindo orações, com objetivo de apressar o seu casamento.

De acordo com uma antiga lenda local, um lavrador muito rico, de nome Longuinhos vivia nos arredores da cidade, perto do Bom Jesus. Solteiro e recatado, era estimado por todos na comunidade. As raparigas solteiras não lhe eram indiferentes, uma vez que entreviam nele um excelente partido, embora nenhuma o impressionasse particularmente.

Certo dia, Longuinhos apaixonou-se por uma rapariga chamada Rosinha, e entendeu que era o momento de partilhar a sua fortuna. Para esse fim, informou-se quem era o pai dela, e procurou-o. Identificou-se e comunicou-lhe as suas intenções, pedindo a mão dela em casamento. O pai dela, entretanto, mostrou-se um negociador difícil, e apenas cedeu quando Longuinhos lhe prometeu uma pensão.

Pedro, era esse o nome do pai de Rosinha, chamou-a e comunicou-lhe que Longuinhos pedira a mão dela em casamento e que ele, como pai, a dera. A rapariga ficou lívida, pois amava outro rapaz, de nome Artur, e diante do altar do Bom Jesus, havia lhe prometido casamento. O velho pai, com medo de perder o negócio que fizera, armou tal espalhafato que, a filha, apavorada, acabou por dizer-lhe que casava com Longuinhos. Saiu a tremer de ao pé do pai e recolheu-se ao seu quarto, onde, chorosa, começou a orar, apelando a São João. Eis que, de súbito, ouve uma voz dentro de si que lhe dizia que tivesse calma, que tudo se arranjaria.

A voz era a de São João, que dali foi ter com Longuinhos, que também se encontrava em meditação. Dirigindo-se ao lavrador, São João argumentou que, se Longuinhos era tão seu amigo, não seria capaz de estragar a felicidade dos dois jovens que tanto se amavam. Reparou ainda a Longuinhos a desastrosa maneira de falar com o pai de Rosinha, tentando-o com dinheiro.

Longuinhos então caiu em si e compreendeu que, se a rapariga amava outro, e era correspondida, ele não tinha o direito de destruir a felicidade de ambos. Assim o disse ao santo, que ficou muito contente, e acrescentou:

"- Se me consentes, São João, eu próprio serei o padrinho desse casamento! Sei que precisam de um bom começo de vida e eu me encarregarei disso. Quanto ao meu amor, cá o entreterei até que se desvaneça!"

O santo correu então a avisar a rapariga, para que preparasse a boda com Artur, pois arranjara-lhe um bom padrinho. O velho Pedro foi quem ficou a perder, mas lá se consolou como pôde.

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