Como todos sabem mudamos para Braga - Portugal em Março. Não tivemos tempo de atualizar o Viajando de Cocó devido a correria com toda a mudança, abrimos um café.... Mas, aos poucos vamos voltando!
Aqui em
nosso café recebemos quase toda a semana visita ou mensagens de
brasileiros que intencionam migrar para Portugal e vem pedir “dicas”
a respeito, nos temas os mais diversos. Resolvemos, então, compilar
os dez conselhos que entendemos mais importantes, diante do que
observamos cá no dia a dia.
1 –
Venha legalizado sempre: Eu sei! Você leu em mais de um grupo
da internet que se vier como turista consegues emprego e com emprego,
depois legaliza-se. Além disso, a tia do primo da mãe da sua
vizinha veio ilegal e hoje vive maravilhosamente bem por essas
terras. Quem avisa amigo é: Entrar ilegal em um país estrangeiro
não é uma boa idéia. Primeiro porque, embora muitos passem pela
alfândega sem problemas, o risco de sua aventura acabar antes de
começar é muito grande. Não bastasse isso, como ilegal, você terá
imensas dificuldades para abrir conta em banco, arrendar imóvel,
etc. Empresas sérias costumam pedir comprovativo de que você está
legal no país para empregá-lo. Há quem dispense a exigência, mas
nesse meio você vai encontrar de tudo, até quem, após um mês de
trabalho, se recuse a te pagar o salário e ainda ameace te denunciar
ao SEF.
2 –
O Brasil não é a última coca-cola do deserto:
Tá certo, os Portugueses admiram nosso otimismo, gostam de alguns
pratos de nossa culinária e apreciam alguns nomes de nossa música.
Mas isso não significa que você chegará em Portugal e ficará rico
vendendo a receita de brigadeiros da sua avó. Aliás, por essas
bandas, eles nem gostam muito de brigadeiro, que acham muito doce.
Pense em um produto, serviço ou prato da culinária brasileira.
Pensou? Já existe alguém fazendo isso por aqui. Sorry, mas é a
realidade. Outro erro muito comum é acreditar que bastará chegar
aqui mostrando sua “brasilidade nagô” que todas as portas se
abrirão. Se elas não se fecharão apenas porque você é brasileiro
(ver o próximo tópico), também não se abrirão apenas por esse
motivo. O brasileiro forma a segunda maior colônia de imigrantes do
país, então, acredite, o seu jeito de ser não é novidade.
3
– Não. Não é preconceito: Uma
coisa que ouvimos toda hora é brasileiro reclamando de preconceito.
Aí você vai perguntar o porquê e descobre que o sujeito se achou
discriminado porque foi alugar um imóvel e o senhorio exigiu fiador
ou seis meses de renda como caução. Não amiguinho, não se trata
de preconceito. Você é brasileiro, mas poderia ser japonês,
italiano ou o príncipe das asturias (não, esse talvez não), mas
isso não afasta o fato de que você é um recém chegado no país,
provavelmente desempregado e sem ninguém que possa dar referências
a seu respeito em Portugal. Você arrendaria seu imóvel para alguém
nessas condições? Porque aqui seria diferente? Isso não quer dizer
que não exista preconceito em parte alguma. O idiota é uma raça
universal e ele está presente também em Portugal, mas em níveis
infinitamente menores do que você imagina. O que muita gente encara
como preconceito, na verdade é apenas a vida real.
4
– Preconceito consigo próprio: Outra
coisa muito comum de se ver é brasileiro aceitando de bom grado todo
tipo de abuso e desaforo, achando que reclamar disso é coisa de
brasileiro. Exemplo disso são repartições públicas que adoram
fazer exigências criativas, que não estão previstas em lei alguma,
ou vendedores de serviços (tv a cabo, energia elétrica etc) que
abusam do fato de você ser estrangeiro para lhe empurrar
penduricalhos desnecessários. Se perceber que está sendo tapeado,
reclame sem medo de ser “brasileirisse”. Não tenha consigo o
preconceito que os portugueses não tem.
5
– Portugal não é Xangri-la: Se
você chegar em um lugar cercado de pessoas felizes, todas de branco,
cantando a versão em fado de Cumbaiah, sinto lhe informar, mas
provavelmente o avião caiu e você está do outro lado da vida e não
do outro lado do atlântico. Sim, Portugal tem lá seus problemas,
como qualquer outro país do mundo, mas à diferença do Brasil,
trabalha com seriedade para superá-los. Embora óbvio, é importante
salientar isso, porque já vi brasileiro que, à primeira
dificuldade, atraso de um autocarro ou serviço mal prestado, já sai
dizendo que aqui é igual ao Brasil.
6 -
Você não vai morar no museu: A
não ser que você seja padre, não escolha Braga porque visitou o
Bom Jesus e achou lindo. Você não vai morar lá. Sugiro que, antes
de escolher um sítio para sua morada em Portugal, visite, observe o
clima, as pessoas, o comércio, as escolas, hospitais e veja se tem
algo a ver com você. Basear seu novo lar apenas por conta de museus
e belas paisagens, quando você está em um país diferente, sem
família ou amigos por perto pode levar você facilmente à depressão.
7 –
Você não é turista: Temos
observado muitos brasileiros que chegam e, ao invés de se acentar na
nova cidade, dão para visitar tudo quanto o que é lugar, como se
não houvesse amanhã. A empolgação pela novidade é um sentimento
natural, mas o Castelo de Guimarães está lá há 500 anos e é bem
pouco provável que vá sumir nos próximos meses. Melhor utilizar
seus recursos para providenciar toda a documentação que precisa,
matricular os miúdos na escola, arrendar sua casa e, se for o caso,
arrumar um emprego, para depois passear tranquilo, sabendo que está
fazendo despesas, mas terá receitas a receber.
8
– Não conte com o ovo na cloaca da galinha: O
Termo é um pouco mais chulo... achei cloaca menos feio. Se você tem
capital guardado no Brasil e pretende sobreviver disso aqui, talvez
seja melhor trazer, se não tudo, o máximo possível de uma vez só,
ao invés de ficar trazendo um pouquinho todo mês. Não é novidade
para ninguém que o Brasil está vivendo um período de profunda e
grave instabilidade política e social, o que acaba refletindo no
câmbio. Resultado: Você tem lá todo mês aqueles 8.000 reais que
correspondem à 2.000 euros, o que dá para você viver muito bem por
aqui. De repente, descobrem que o Temer na verdade é a Dilma vestida
de terno e... pá.... o Euro vai a 5.00 reais e você acabou de
perder 400 euros do seu orçamento mensal (se calhar, o valor da
renda de sua morada). Impossível? Uns meses atrás um tal de Joesley
gravou uma conversa esquisita com o Presidente da República e o caso
foi parar na imprensa. O câmbio oscilou tanto que o Transferwise
suspendeu suas operações no Brasil por uns cinco dias. Aqui foi um
“barata voa” de brasileiro desesperado para arrumar dinheiro para
pagar as contas.
9 –
Não. Você não está abafando: Marca
de roupa, de sapato ou de carro não significam muita coisa desse
lado do oceano. Ao menos as pessoas que você vai cruzar no dia-a-dia
estão pouco ligando se você tem uma Mercedes ou um Opel Corsa, até
mesmo porque, com pouco menos de 300 euros por mês, você consegue
financiar uma Mercedes. As pessoas costumam comprar este ou aquele
carro porque gostam da marca ou porque lhes é útil de alguma forma
e não para ser tratado como gente pelo gerente do banco, até mesmo
porque, salvo raras exceções, o gerente do banco trata a todos como
gente, quer você chegue à sucursal a pé ou de limousine. Roupas
seguem a mesma receita: As pessoas, em sua maioria, compram suas
roupas com foco em conforto, qualidade e preço, logo, ninguém vai
te achar “diferenciado” porque desfila aquela etiqueta da Zhara
na jaqueta. Aliás, especificamente em relação às lojas desta
marca, embora seja “chique” no Brasil, por aqui é algo
comparável à Riachuelo.
10 –
Existe desonestidade no mundo inteiro: Lembre-se,
você está vindo a Portugal e não ao Jardim do Éden, logo, não
pense que todas as pessoas são incorruptíveis e totalmente
honestas. Há gente desonesta, como em qualquer lugar do planeta. A
diferença é que, como por aqui o Poder Judiciário não é uma
piada de mal gosto como no Brasil, se você for vítima de uma burla,
conseguir identificar o burlão e provar os fatos, certamente haverá
consequências para o picareta. Ainda assim, é importante ficar
atento para não cair nas armadilhas mais comuns que os brasileiros
que por aqui chegam caem: Arrendar apartamento, só com contrato e
após visitar o imóvel. Comprar carro usado, convém analisar bem o
modelo e, se tiver dúvidas, consultar um mecânico.
Gostei do texto! Muito real e me estimulou mais ainda em viver no país. Abçs!!
ResponderExcluirObrigada Gilson!!! Sucesso e não desista!!! Bjo
ExcluirAdorei as dicas e conselhos, muito bom mesmo.obrigado um abraço
ResponderExcluirObrigada Tania! Bjo
ExcluirParabéns!Um dos melhores textos que já li até hoje em todos estes grupos!
ResponderExcluirObrigada Ghael!!! Abço
ExcluirCaramba, você não poderia ser mais preciso, após ler o texto, comecei a analisar minha chegada aos EUA, há 31 anos atrás, dos 10 itens, apenas um deles não se adapta a minha situação.
ResponderExcluirFelizmente, tive que apanhar muito para aprender. Mas, conheço muitos outros conterrâneos que aqui estão alguns com mais ou tanto tempo como eu, que continuam insistindo no erro.
Obrigado Luiz!!! Sucesso aí pra você!!! Abços
ExcluirMuito bom seu artigo, obrigada pelos conselhos!
ResponderExcluirObrigada Giovanna!!! Abços
ExcluirPerfeito em todos os pontos!
ExcluirÉ isso brasileiro não é tão bonzinho!!!
Adorei foi um balde de agua fria pra muita gente !
ResponderExcluirÉ isso não se deslumbre por que se correr o bicho pega se ficar...
Obrigado!!!
ResponderExcluirLuciano Blandy, gostei dos seus 10 conselhos sobre viver em Portugal, vou a Braga com frequência, gostava de tomar um café e conhecer melhor as sua opinião sobre investir em Portugal.
ResponderExcluirAgradeço que me informe o nome e localização do seu Café.
Olá José Dinis! Obrigado! Não estamos mais com o café, vendemos em novembro. Fica meu email caso queira saber algo. lucianoblandy@yahoo.com.br
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